Andréa Margon
Lesão corporal, perturbação funcional, ou
doença produzida pelo trabalho ou em consequência dele, que determine a morte
ou a suspensão/limitação, permanente ou temporária, total ou parcial, da
capacidade para o trabalho. Estas são as características do acidente de
trabalho que, no setor portuário brasileiro, continuam acontecendo sem que haja
o devido empenho em extinguir o problema.
No Espírito Santo, entre os trabalhadores de
estiva, o volume de acidentes ou lesões laborais, ainda, é grande. O sindicato
da categoria abriga 670 associados. Desse total, 72 afastados em 04 de junho.
Número expressivo.
Mas, o que mais chama a atenção nesse
universo é a quantidade de estivadores “novatos” acidentados ou lesionados. De um
universo que beira a cem novos associados ao sindicato dos estivadores, 18 (10,8%)
sofreram acidentes ou lesões laborais, entre maio de 2011 ao mesmo mês deste
ano. Há de se contar que eles têm até cinco anos de trabalho nos portos (foram
ingressos através de seleção pública a partir de 2006). Então, a que se deve esse quantitativo?
O volume de acidentes de trabalho ou lesões laborais - este com número em crescimento - entre todos
os estivadores, neste período, alcançou a marca de 44 (26,3%) e o número de
trabalhadores afastados chegou a 118 (70,7%) – dentre acidentados e afastados
por doença do trabalho.
Alguns terminais portuários, no Espírito
Santo, realizam campanhas permanentes, voltadas para a saúde e segurança no
trabalho. Mas, há especialistas que questionem essa medida sob o argumento de
que campanha, somente, não vai gerar o resultado esperado. Existe a defesa de
que as empresas invistam na melhoria dos equipamentos utilizados pelos
trabalhadores.
Uma avaliação técnica de Antonio Carlos
Garcia Júnior, da Fundacentro, fala da necessidade do controle a exposição aos
fatores de riscos. E, isso, pode ser realizado através de um programa de
prevenção.
Confira, a seguir, a entrevista.
Planeta Porto – Como evitar que acidentes
ocorram nos portos e terminais portuários?
Antonio Carlos Garcia Jr. – Os acidentes, de
uma forma geral, são evitados através da eliminação e controle da exposição dos
trabalhadores aos fatores de riscos. Assim, um programa de prevenção de riscos,
no ambiente de trabalho, deve estudar todas as condições de trabalho, verificar
as situações ou atividades que podem contribuir para ocasionar acidentes,
inclusive às falhas dos trabalhadores. Diante desse levantamento o setor de
segurança deve propor medidas que possam eliminar ou controlar estes riscos a
fim de garantir a integridade física e mental dos trabalhadores.
Planeta Porto – O que fazer para que as
empresas, que têm mão de obra própria, qualifiquem seus trabalhadores para o
exercício da função?
Antonio Carlos Garcia Jr. – A qualificação
dos trabalhadores portuários deve ser feita através de cursos de capacitação de
longa duração e com as habilidades testadas no ambiente de trabalho. Após esta
qualificação os novos trabalhadores devem ser acompanhados nos primeiros meses
de serviço nos locais de trabalho pelos chefes, a fim de que eles se adaptem as
características peculiares do ambiente de trabalho portuário.
Planeta Porto – Qual a função do sindicato
nesse contexto?
Antonio Carlos Garcia Jr. – O sindicato é o
braço político do trabalhador e ele deve continuar sua ação em prol da melhoria,
continua, não só dos salários, mas também das condições de vida nos ambientes
de trabalho. Neste aspecto, como ator social, os sindicatos devem continuar
lutando para a aplicação das normas de segurança e saúde no trabalho, inclusive
de inclusão de novos itens nas convenções coletivas, que aprimorem seus
direitos e não aceitar a precarização
da segurança, mesmo que haja uma compensação financeira para os trabalhadores.
Planeta Porto – Considerações
Antonio Carlos Garcia Jr. – Mesmo que tenha
havido alguma melhoria nas condições de trabalho portuário e, inclusive, uma
redução nos acidentes, ainda temos muito a melhorar. Não só das condições de
trabalho oferecidas pelos operadores portuários, mas também no comportamento
dos trabalhadores frente a sua faina, não aceitando trabalhar sem que lhe sejam
fornecidas as condições seguras para executá-la. A cultura da segurança é
construída com o tempo e com a participação de todos os atores sociais de tal
forma que, um dia, não vamos mais falar de prevenção de acidentes, mas de
conforto e saúde no ambiente de trabalho portuário. Este tempo vai chegar,
brevemente.
Um comentário:
Estou afastado desde janeiro por uma torção no tornozelo , na verdade nós trabalhadores pagamos encargo muito alto a sindicato e pergunta-se houve asistencia do setor social para min não pois na verdade esta pessoa que suga de nossa contribuição social não e digna de estar neste cargo comendo se fazer nada para o acidentado e ver suas real necessidade.
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