Andréa
Margon
Transformar
as ondas do mar em energia. Este é o objetivo da usina de ondas do Porto de
Pecém (CE). O projeto, pioneiro na América Latina, foi desenvolvido pelo Instituto
Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Já existem sistemas similares em
Portugal, Holanda, Japão e Reino Unido. Conheça um pouco do projeto e a análise da jornalista ambiental e mestre em Comunicação, Mônica Pinto.
Para funcionar há a necessidade dos denominados “braços mecânicos” instalados próximos ao píer do Porto de Pecém. Conforme as ondas vão batendo, a estrutura movimenta ascendente e descendente, acionando bombas hidráuslicas fazendo com que a água doce contida em um circuito fechado, no qual não há troca de líquido com o ambiente, circule em um local de alta pressão. Essa água que sofre grande pressão vai para um acumulador, que tem água e ar comprimidos em uma câmara hiperbárica, que é o pulmão do dispositivo.
A escolha do estado do Ceará para a instalação desse mecanismo se deve a constância dos ventos alísios, que provoca ondas.
Segundo
os responsáveis pelo projeto, o Brasil tem grande potencial para aproveitamento
das ondas do mar na conversão de energia. Com cerca de oito mil quilômetros de
extensão, pode receber usinas com capacidade de cerca de 87 gigawatts onde, desse
total, 20% seriam convertidos em energia elétrica, o que equivaleria a 17% da
capacidade total instalada no país.
Os
impactos ambientais desse tipo de fonte energética são considerados baixos. As
vantagens são o fato de uma usina de ondas contar com uma fonte abundante,
limpa e renovável de recursos.
Para analisar, um pouco mais, a incidência de impactos ambientais que a usina de ondas pode gerar, Planeta Porto conversou com Mônica Pinto, jornalista ambiental, especialista em Mudanças Climáticas e Sequestro de Carbono e mestre em Comunicação.
Para analisar, um pouco mais, a incidência de impactos ambientais que a usina de ondas pode gerar, Planeta Porto conversou com Mônica Pinto, jornalista ambiental, especialista em Mudanças Climáticas e Sequestro de Carbono e mestre em Comunicação.
Planeta Porto – O
que acha dessa usina de ondas?
Mônica Pinto – É
uma alternativa muito interessante para a geração de energia de maneira
renovável, utilizando um recurso em que o Brasil é especialmente privilegiado
dado a dimensão de seu litoral.
Planeta Porto – Em
que isso pode prejudicar o meio ambiente marinho?
Mônica Pinto – Não
há nenhuma forma de geração de energia que tenha zero impacto ambiental. Isso
não nos livra do fato de que a demanda energética é crescente. Entre a usina de
ondas e uma termelétrica, por exemplo, a primeira alternativa é infinitamente
melhor do ponto de vista dos impactos ambientais, sobretudo no que se refere à
emissão de gases de efeito estufa.
Planeta Porto – É
possível que a vida marinha, principalmente pescado, possa se evadir da região
e isso prejudicar a pesca local?
Mônica Pinto – Não
tenho informações quanto à dimensão dessa possibilidade, mas a lógica aponta
para algum impacto, sim. No entanto, na relação custo/benefício ambiental, a
proposta da usina de ondas se mantém muito promissora. A grande ameaça sobre os
recursos pesqueiros está na superexploração, na pesca ilegal, com o desrespeito
aos períodos de defeso de espécies, e na poluição de rios e mares.
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