sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Um mimo presidencial. Mas, para quem?


Andréa Margon


A presidente Dilma Rousseff lançou, esta semana, metade do Plano Nacional de Logística Integrada (PNLI). Sim, metade. É que o PNLI se limitou a rodovias e ferrovias, deixando para um segundo momento (não se sabe quando) a outra parte que se refere a aeroportos, hidrovias e portos. Mas, já tem gente feliz, igual “pinto no lixo”. Sim, Eike Batista, um dos empresários mais poderosos da América Latina ria a toa, mesmo antes do pronunciamento presidencial. Falou que se trata de um “kit felicidade”. Um mimo presidencial.


 

Para uma platéia estimada de 30 empresários – pela TV parecia que tinha muito mais gente – Dilma Rousseff falou de investimentos para os próximos 30 anos. O pacote prevê a duplicação de 7.500 quilômetros de rodovias e construção 10 mil quilômetros de ferrovias, passando ao setor privado concessões estimadas em R$ 133 bilhões. Políticos da oposição falam em privatização, mas o Governo Central nega, veementemente.

O “pacote” é arrojado, desafiador. Mas, intrigante em um determinado ponto. Voltemos a Eike Batista. Lembram que falei que ele se pronunciou antes mesmo da fala da presidente? Pois bem, coincidência ou não, o projeto inclui uma ferrovia ligando Vitória (ES) a Campos dos Goitacazes (RJ), cidade visinha a São João da Barra, onde está localizado o Porto do Açu, de propriedade dele mesmo, Eike Batista.

O mega empresário vem, ao longo de poucos anos, investindo considerável quantia no empreendimento e, como não poderia deixar de ser, captando – ou seria cooptando – empresas para movimentação de cargas em seu porto. Exemplo é que empresários do ramo industrial, do Espírito Santo, já formaram caravanas para visitação ao Porto do Açu e as visitas não foram turísticas.

Assim, começa a guerra entre portos, tanto criticada, inclusive pelo próprio Governo Central. E agora, o que fazer para que o Espírito Santo não perca cargas para o porto fluminense? Com a palavra, o presidente do Conselho de Tarifas, da Cia. Docas do Espírito Santo (Codesa), José Adilson Pereira.

Planeta Porto – Quais mercadorias o Espírito Santo pode perder para o Porto do Açu?

José Adilson Pereira – Principalmente o granito. Creio que contêineres, também. Mas, pode afetar todo o complexo portuário.

Planeta Porto – Como enfrentar esse novo quadro de concorrência?

José Adilson Pereira – A Intersindical (da Orla Portuária ES, entidade a qual o entrevistado é presidente) já propôs, há anos, o projeto do porto de águas profundas para que nosso complexo portuário tenha portos que possam atender navios de maior porte e ter ganho de escala, na movimentação de mercadoria, reduzindo os custos portuários e os gargalos e limitações que temos em nosso porto.


Planeta Porto – Considerações.

José Adilson Pereira – Eike está comemorando e a contrução do canal que possibilitará levar nossas cargas para o seu porto, situação planejada, pois, no seu plano de negocios estão nossas cargas, como parte fundamental para o seu porto. Infelizmente, os atores empresariais e muitos políticos atrasaram nosso projeto de porto.  Em muitas vezes comemoravam a construção das vias que sugariam nossas cargas para os portos concorrentes. Uma coisa é certa nós, trabalhadores, vamos perder muito com está situação. Avaliando inicialmente, pode se esperar uma redução em torno dos 40% na movimentação de cargas no complexo portuário do Espírito Santo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Com a perda do Fundap das importações agora com o novo terminal do porto de açu tirando 40% das cagas do Espirito Santo, qual o verdeiro impacto e sobre a mão de obra perda de renda dos trabalhadores, e por fim esta na hora de fazer uma restruturação sindical reduzido o tradicional DAS e passando para quotas de contribuição,porque a tendencia de maior desfiliação dos sindicatos pois hoje já possivel Trabalhar com os mesmos direitos de ser ou não filiados aos sindicatos e estar por vir trabalhadores vinculados